Breaking the Bubble #20

O fim do Instagram e a vingança de uma mulher cansada de receber fotos do "conteúdo" de desconhecidos.

Apr 13, 2021

Olá, tudo certo por ai?

A news de número 20 está de cara nova. Decidi migrar do Mailchimp para o Substack - a maior plataforma de newsletter do momento.

Vou testar e ver se vocês gostam - algumas funcionalidades importante me fizeram migrar e o acesso a todas as news passadas ficou ainda mais fácil.

Bora para os conteúdos da semana…

A atitude da Bottega Veneta é o início do fim do Instagram?

Alguém aqui ainda usa Facebook?

Faço essa pergunta porque nas minhas bolhas ninguém usa mais. Eu, por exemplo, só tenho conta lá para atualizar as páginas dos meus clientes.

E o Instagram?

Nesse caso, acredito que 99% das respostas entre todas as bolhas que acompanham essa newsletter será que sim, ainda usam o Instagram.

Mas será que essa porcentagem se manterá daqui 2, 3, 5 anos? Óbvio que não.

A história das redes sociais está aí para nos relembrar que elas aparecem rapidamente, impactam milhares de pessoas de forma absurda e aos poucos vão perdendo a relevância.

Talvez o Twitter seja a única rede social que ainda consegue ser relevante e ganhar novos públicos.

Já o Instagram…

Toda hora muda uma regra, toda hora aparece uma funcionalidade que copiam de alguém… O que era pra ser uma rede social de fotos, virou de tudo. E isso cansa.

Para mim, um grande indício do início do fim do Instagram foi decretado após a decisão da Bottega Veneta de deletar seus perfis nas redes sociais.

Sim, uma marca de moda, extremamente famosa no Instagram, decidiu acabar com tudo.

Desde que o estilista britânico Daniel Lee chegou à marca milanesa há menos de três anos, houve um boom ainda maior no engajamento nas redes.

Mas, ao contrário de gastar rios de dinheiro com investimento em postagens para o Instagram, a grife fez um movimento contrário ao Instagram e cortou todos os laços com as redes sociais.

Em entrevista ao The Guardian, Daniel Lee comentou:

“A mídia social representa a homogeneização da cultura. Todos olham o mesmo fluxo de conteúdo. Penso muito sobre o que faço, e as mídias sociais simplificam demais.”

Agora, ao invés de postagens no Instagram, a Bottega Veneta produz a Issued, revista digital trimestral com um conteúdo mais progressivo e mais elaborado do que a rolagem de um feed do Instagram. Como explicou Lee na mesma entrevista.

O formato da Issued é de uma revista audiovisual com fotografia de moda, música e vídeo. Existem narrações e músicas, mas nenhum texto.

Na primeira edição, lançada em março, Neneh Cherry narra a filmagem do mais recente desfile de Bottega Veneta no Sadler’s Wells em Londres. A patinadora berlinense Oumi Janta gira em seus patins sob uma bola de discoteca em um vestido de coquetel com franjas de seda, e há um curta-metragem muito penetrante que captura as manobras do coletivo de parkour britânico STORROR nos telhados.

Vale a pena acompanhar e ver como ficou a edição da Issued. Nada a ver com aquelas revistas digitais de 10 anos atrás, rsrsrs.

A coisa é fina, é conceitual - FORA DA BOLHA!

E pense, se o Instagram esgota quem consome, imagina quem produz…

Chutar o balde pode ser uma ótima solução.

Confira a Ed.1 da Issued aqui>>

A vingança de uma mulher cansada de receber fotos das pirocas de desconhecidos.

Fiquei impressionado quando li o resultado dessa pesquisa feita em 2017 pela empresa britânica de pesquisa de mercado e análise de dados YouGov que mostrou que 53% das mulheres de 18 a 35 anos disseram ter recebido fotos de pau não solicitadas.

Especificamente, três em cada quatro mulheres millennials disseram terem recebido fotos da genitália de homens sem seu consentimento.

Uma grande explicação dessa atitude foi mostrada por um outro estudo, dessa vez canadense que concluiu que os homens que enviavam fotos dos seus ditos cujos aleatoriamente fizeram isso esperando receber um nude em troca.

Cansada de receber fotos do “conteúdo” de homens desconhecidos, a britânica Zoe Scaman decidiu ganhar dinheiro com isso.

O que ela fez: pegou as fotos e os NOMES DOS INDIVÍDUOS, e criou tokens em NFT para vender na internet. Sim, ela começou a expor o pau e o autor da obra, hahaha.

Zoe até criou o site “NFT the DP” para ajudar mais pessoas a empreenderem nesse ramo.

O processo é simples: se você recebeu uma “foto de pau” não solicitada, pode acessar o site, transformar a foto em NFT e começar a vender.

Detalhe: uma vez criada uma foto em NFT, ela é única e só poderá ser destruída, apagada, pela pessoa que comprar o NFT.

E aí, eu deixo a tradução do texto impecável e hilário que está na home do site:

Qualquer pessoa que compartilha fotos indesejáveis de seu dito cujo deve pensar que é uma obra de arte, certo?
Bem, agora pode ser!
Se você sentir o desejo de enviar uma foto em jpeg do seu pacote, vamos dar a ele o público que você claramente acha que ele merece, prendendo seu saco de bolinhas enrugado no blockchain.
Sim, é isso mesmo, vamos cunhá-lo como um NFT, para TODO MUNDO ver.
Vish, alguém fez um NFTDP DA SUA OBRA ???
Você está com sorte ... Veja como queimar o NFT e considere-se com sorte, porque não vai sobrar pro seu pau:
COMPRE O NFTDP (nenhuma maneira de contornar isso). =)
Se você não pode pagar ... que pena...
Agora você vai ter que pegar uma carteira ETH e fazer um monte de coisas complicadas de blockchain que provavelmente estão fora do alcance de seu cérebro do tamanho de uma ervilha.

Mas calma, nem tudo são flores e no Brasil, quem criar um NFT assim, pode ser responsabilizado judicionalmente por isso.

Como explica a advogada Mavi Chagas Lima:

No Brasil quem divulga, distribui ou compartilha imagens de cenas de sexo, estupro ou nudes, sem o consentimento da pessoa, incorre em crime, além de estar passível de ser processado em uma ação civil também.
Apesar de parecer uma medida justa, é bom avisar que pode acabar respondendo por um processo.
Porém, quem envia nudes não solicitado incorre no crime de importunação sexual. A pessoa que recebe pode fazer um boletim de ocorrência.
Mas a prática de um crime (no caso da pessoa enviar nude não solicitado) não exclui a prática de outro crime (divulgar o nude)
Dependendo da situação pode ser interpretado não como uma importunação sexual, mas como uma injúria.
Na injúria, provado o dano moral, também há possibilidade de uma indenização na esfera cível.

Ou seja, melhor não fazer.

Mas, se bateu a curiosidade…

CLique aqui>>